Tuesday, January 02, 2007

Praia, fireworks e democracia

Havia quatro anos que eu não passava o Réveillon na terrinha. Ano passado, vi São paulo explodir num frenesi pirotécnico do alto de um edifício no Centrão. Em 2004 e 2003 estive em Copa.

Santos, não fosse sua beleza natural, seu porto e sua história _lá nasceram ou se criaram políticos de primeira grandeza, como os Andradas, Covas, a marquesa de Santos, cientistas como o padre Bartolomeu de Gusmão (um dos pioneiros do balão), campeões olímpicos, como Rogério Sampaio, dramaturgos, como Plínio Marcos, inúmeros atores e atrizes famosos_ muito provavelmente não seria nada mais do que é hoje: o último lar de aposentados de quase todo o Brasil. Como disse Marcelo Rubens Paiva, “Sabe por que Santos não afunda? Porque merda bóia”. Ah, claro, para quem gosta, é a terra do Santos Futebol Clube, tanto que Santos, além do prefeito, tem outra “otoridade” importante, o presidente do SFC, uma espécie de califa local, ou sultão, não sei.

Neste fim-de-ano, após um turbulento 2006, me restavam poucas opções: um réveillon em Sampa com um amigão e um bando de desconhecidos, ou estar com meu pai e minha mãe. Preferi a segunda opção, até porque, criado na praia (ou na merda), ainda não me acostumo com um Réveillon sem água por perto. Se um rojão me atingisse, pelo menos tenho para onde correr (me perdoe, sargento Barbosa, meu mestre de brigada de incêndio, desconheço se esse é o procedimento correto).

Foi interessante reviver algumas sensações. Apesar da nova Imigrantes, descer para Santos na temporada continua um inferno. Safo, desci no dia 31 à tarde. Até que deu certo. O sofrimento nos apertados bancos da Expresso Brasileiro foi amenizado pelo ar condicionado e por Nick Cave e A77aque e durou apenas 1h30 (a viagem normal dura 1h).

Visitei o meu pai, depois corri para a mãe. Jantamos, revimos juntos “Irmãos Cara-de-Pau”, que pssava na TV (Jim Belushi é o cara), depois pusemos nossos chinelos e fomos para a praia ver o “espetáculo”. Faltou a contagem regressiva em algum sistema de som (sabe como é, os velhinhos da avenida da praia podem enfartar), mas a cidade, enfim, caprichou nos fogos, pela primeira vez instalados no Oceano, e nos proporcionou 15 minutos de beleza extenuante. Fogos, pirotecnia, luzes que acendem e apagam_ fireflies fumegantes, mas faltou a contagem...

Não faltou o abraço na mãe e o desejo que 2007 não seja para nós a sombra da bosta que foi 2006. Para quem tem alguma dúvida, lá vai: eu vi minha filha ir morar na PQP, tive o susto de ver o pai superar uma cirurgia horrível para extrair um câncer. No trabalho, nada novo, sem emoções novas, muito menos salário novo, dívidas nas alturas. Dois amores na trave. Doenças... Só rindo, só lendo, só ouvindo muita música para buscar inspiração.

Tinha que voltar dia 1º. Afinal, os colegas “super legais” do trabalho me escalaram para o plantão do dia 2, com início às 9h (no próximo post conto a saga para chegar em casa).

Que minha vida em 2007 seja um pouco menos fugaz e idiota, como os belos, porém inúteis, fogos que estouraram na praia. Que o sacrifício valha a pena, pois sinto que o de 2006 foi apenas um aprendizado, mas muito, muito dolorido e desgastante.

Nasceu o novo dia e como muitos outros primeiros de janeiro, lá estava eu, pisando a areia de Santos. Os elementos estavam todos lá: prédios tortos, a areia escura, as árvores, os chuveiros, o mar, as ondas, os canais. Extremamente democrático em seu vai-e-vem, o footing a beira-mar santista não padece da deprimente ditadura da beleza. Lá somos todos normais e, mesmo em meu triste semblante, cabisbaixo, pensativo, a barba desgrenhada por fazer, o quilo e meio ganho na temporada natalina de muitos sorvetes com a filhota, me achava lindo e pronto (para 2007???).

Depois de ver “o homem” assumir de novo, fui tomar meu rumo e Santos voltou a ser a Santos em época de temporada. Rodoviária lotada como nunca me fez hesitar, mas à meia-noite, enfim, parti. Anchieta parada (porque a estrada mais linda, sempre tem que ser a mais lenta?), ônibus lotado de manos pós-adolescentes rindo o tempo todo. Riem de quê, caralho??? De quê!!!

Eles apenas sonham. O ano apenas começou para eles, que voltarão para a praia outras vezes. Para mim, ainda tenho esperanças, mas acho que o ano apenas mudou de número.

1 comment:

Anonymous said...

Fala hermano, blz?
Deu algum B.O. com o lance da loira do cinema?
Abração.
mauro.