Tuesday, January 30, 2007

Acompanhante para endoscopia, procura-se

Amigas, estou avaliando o currículo de candidatas a me acompanhar numa endoscopia que vou realizar nos próximos dias. À candidata não é necessário uma garganta profunda... Deixa essa parte comigo.

Para vocês terem uma idéia da gravidade do problema, segue a minha dieta para os próximos 20 dias.

Dieta Gastro e Colesterol * 21 dias

O que pode comer:

Arroz
Caldo de feijão
Purê de batata
Batata
Chuchu
Abobrinha
Cenoura
Beterraba
Folhas cruas ou cozidas apenas com sal
Carne magra * tudo sem gordura e sem pele
Ovo pochê ou cozido (raramente)
Queijo branco
Requeijão light
Gelatina
Mamão
Pera (eu odeio pera!!!)
Melão (detesto melão!)
Maçã
Torradas
Bolacha de água e sal (biscoito água, please...)
Chás cidreira e hortelã (o médico liberou boldo e erva-doce, mas tô fora!)
Bebidas só com adoçante (ok, já fazia isto)

O que não pode -
álcool
chá preto ou mate
doces
açúcar
pães
refrigerantes
frituras
queijos amarelos

Refeições principais: 8h, 14h e 20h
Maalox: 11h, 17h e 23h
Nos intervalos entre as refeições e o maalox: 2 bolachas ou meia pera
ou meia maçã

Não pode passar mais do que uma hora e meia sem beliscar alguma coisa

Querida Garota da Praia

Concordo totalmente com seus argumentos. Mudei o texto a seus pedidos. Seu nome não está mais no texto, mas você continua na minha cabeça, querida. Você tem razão, a web é insegura, mas os seres humanos mais inseguros ainda.

Espero que isto seja o suficiente para que possamos ter um relacionamento bacana daqui para a frente, bom como naquele fim de tarde.

Paz!

Monday, January 29, 2007

Perfume fedido

Aqueles que confiam em mim (rarará) não percam seu tempo assistindo ao fedorento “Perfume – A História de Um Assassino”, de Tom Tykwer (“a produção alemã mais cara de todos os tempos”, como disse um amigo meu), baseado no best-seller “O Perfume”, de Patrick Süskind.

O filme é muito bom até matarem o Dustin Hoffman (aliás, ele e o Alan Rickman salvam o filme da indigência), depois é uma sucessão de idiotices. A cena do cadafalso é a cena mais ridícula e mal dirigida dos últimos tempos, com figurantes simplesmente fazendo cara de “ah, esse diretor é gênio, vamos fazer o que ele manda”. Qualquer filme da sessão “como era gostoso o meu cinema”, do Canal Brasil seria melhor.

Se eu fosse adolescente, diria que o filme valeria a pena pelos peitinhos da primeira ruivinha que o psicopata Jean-Baptiste tenta transformar em perfume, mas eu não sou mais adolescente (pelo menos é o que eu reafirmo para mim mesmo, diariamente).

Foi um final de semana banal, cheio de filmes ruins. No sábado, vi a pré-estréia de “A Grande Final”, que mostra as dificuldades de três tribos nômades (índios brasileiros, tuaregs e pastores mongóis) para assistir à final da Copa do Mundo.

A idéia é boa, mas o produto final é extremamente ineficiente e joga na tela assuntos seriíssimos, como o confronto entre brancos e índios na Amazônia, a corrupção na Mongólia pós-comunismo e a hierarquia patriarcal no deserto, de forma extremamente banal.

Outra banalidade é “Em Direção ao Sul”. Charlote Rampling (linda, como sempre, mesmo aos 60 anos e sem plásticas) passa seus verões no Haiti devorando garotinhos, até que chega Brenda (Karen Young, ótima) querendo brincar com o mesmo meninão da outra coroa.

Só que o meninão tem problemas na sua terra Natal, conturbada e corrupta como sempre em meio a mais um golpe militar nos anos 70 (apesar de numa cena passar um Corolla zero na tela) e advinha o que acontece com ele??? Bem, se fosse nos 80, ele morria de aids, como o filme passa nos 70, ele morre de tiros. As coroas ficam tristes e eu também, pelos R$ 7 jogados fora.

Pelo menos andei de bike esse finde e subi a Vergueiro montado... Quatro dias seguidos pedalando.

Wednesday, January 17, 2007

Um velho disco de vinil

Quantas boas lembranças podem conter os sulcos de um velho disco de vinil? Ainda mais quando o LP é dado de presente por um velho amigo_ um amigão de... 20 anos? Dezenove, para ser exato.

Esse é o Mauro, meu ex-colega de escola, de bandas e amigo para toda a vida. Pois eu sumo e ele é quem apareceu ontem com o presente, no caso o “Viva Hate”, primeiro disco solo do Morrissey, gravado em 1987, da idade da nossa amizade.

O melhor é que as reminiscências ficaram apenas nos sulcos do disco. No nosso encontro não falamos do passado, apenas do presente e do futuro. E deu para perceber que ainda há muita vida pela frente e que nenhuma sombra ou dúvida que paira sobre nós agora, nada disso tirará de nós a coragem infinita dos tempos de garoto, nas areias, nas quadras invadidas ou nos palcos da velha Santos, quase da idade do Brasil.

Pois os nossos olhos ainda têm viço e podem brilhar. Algumas cervejas e percebemos que estamos vivos e melhores que nunca. Não é, companheiro?

O tédio (sim, paulistanos, mineiros e todos aqueles que não tem mar na porta, é possível se entediar na praia) que está me acometendo às vezes aqui, tão bem diagnosticado por outra grande amiga pelo MSN, pode ser vencido facilmente. Basta pegar o telefone e ligar para os velhos amigos, tirar a carcaça de dentro de casa e exercitar a cabeça e o corpo, à pé, de bike, à nado...

Vocês não sabem, queridos, o quanto sou e feliz e grato por seus telefonemas, suas mensagens, os papos no MSN. Vocês fazem a vida me doer menos.

E também ontem um grande companheiro de roubadas e ganhadas me ligou para perguntar. “Meu, quando é que você volta? Você sabe que só você me entende depois de um final de semana em que tudo deu errado”. Esse meu amigo não sabe, mas acho que esse foi o melhor elogio que eu recebi nos últimos tempos.

Não falei para ele na hora, porque isso só me ocorreu agora, quando escrevia este texto. Nós temos que parar de pensar nossa semana em função do final de semana. O sábado e o domingo, amigos, podem ser extremamente frustrantes. A gente coloca muito expectativa sobre eles dois e eles são apenas dois dias, 48 horas...

Temos que buscar a iluminação todos os dias. Ver o arco-íris no chafariz bregão da praia, as matizes diferentes no céu a cada pôr-do-sol, que, mesmo visto inúmeras vezes de um mesmo ponto, nunca é igual.

Anteontem, na última vez que parei para vê-lo, o céu tinha laranja, verde-água, azul celeste, azul cobalto, azul marinho, púrpura, violeta, amarelo, branco, vermelho. Cada cor era como se cada um de vocês, amigos, que têm me confortado nesses dias de tédio e de preparação para este ano (que será duro) estivessem ali comigo.

Obrigado, Mauro. Obrigado, Carol. Obrigado, Dani. Obrigado, Lu. Obrigado, Fabi. Obrigado, Marcos. Obrigado, Patrícia. Eu amo todos vocês.

A seguir, reproduzo uma letra do Morrissey, que explica como é o tédio-litorâneo a la Tatcher. Depois da letra original, segue a tradução, que eu fiz.

Everyday Is Like Sunday

Trudging slowly over wet sand
Back to the bench where your clothes were stolen
This is the coastal town
That they forgot to close down
Armageddon - come armageddon!
Come, armageddon! come!

Everyday is like sunday
Everyday is silent and grey

Hide on the promenade
Etch a postcard :
How I dearly wish I was not here
In the seaside town
...that they forgot to bomb
Come, come, come - nuclear bomb

Everyday is like sunday
Everyday is silent and grey

Trudging back over pebbles and sand
And a strange dust lands on your hands
(and on your face...)
(on your face)

Everyday is like sunday
Win yourself a cheap tray
Share some greased tea with me
Everyday is silent and grey

Todos os dias são como domingo

Avançando lentamente sobre a areia molhada
De volta ao banco onde suas roupas foram roubadas
Essa é a cidade costeira
Que eles esqueceram de fechar
Armagedon, venha, Armagedon
Venha Armagedon, venha!

Todos os dias são como domingo
Todos os dias são silenciosos e cinzas

Escondido no passeio
Gravado num cartão postal:
Como desejo ardentemente que eu não estivesse aqui
Na cidade litorânea
...que eles esqueceram de bombardear
Venha, venha, venha – bomba nuclear

Todos os dias são como domingo
Todos os dias são silenciosos e cinzas

Voltando sobre o cascalho e a areia
E um estranho pó pousa em suas mãos
(e no seu rosto...)
(no seu rosto)

Todos os dias são como domingo
Ganhe uma bandeja barata
E divida um pouco de chá melado comigo
Todos os dias são sileciosos e cinzas

Friday, January 12, 2007

Fui gongado e comprei uma bike*

A minha vida é uma tragicomédia. Tudo beira o patético, mas ela tem momentos de “quase” comédia-romântica. Foi o que aconteceu na última quarta-feira. No tédio solar santista, saí em busca de um bom filme. O destino era certo: o bom preço no Posto 4 Cine Arte e o bacana “Café da Manhã em Plutão”, filme sobre o qual já tinha ouvido falar muito e lido pouco (o que sempre costuma ser bom).

De pipoca na mão, olho para a direita e vejo uma loira linda, sentada sozinha, belos sapatos de chapéuzinho nos pés, vermelho. Cruzei a fileira até a outra ponta e sentei perto dela, deixando uma cadeira entre nós. Afinal, não sou tão imbecil assim a ponto de fazer ela pensar que queria (queria não, desejava) sentar a seu lado.

Filme maravilhoso, ainda mais quando encontrava ela ali do lado, concentrada, o que aumentava a minha vontade. O filme (lindo) acaba. A bela sai, eu saio, todos saímos. Eu ía para um bar no Gonzaga, passar mais um momento deprezaço, sozinho, quando a vejo de novo e descubro flores em suas costas. Ela olhava o por-do-sol.

Mudei de rota, fui me reencontrar com o por-do-sol de Santos, que na verdade, visto do Gonzaga, acaba sendo em Praia Grande. Passo por trás dela, para não dar bandeira e sento-me no meio-fio do calçadão, ponho os pés na areia e espero. Foram um ou dois minutos, mas me pareceram uma eternidade. Eu estava morrendo de vontade de falar com ela (como estou agora), e ela veio até mim e começamos a conversar...

A conversa foi ótima, além de loira e tatuada e usar um belo sapato vermelho, ela é estonteantemente linda, fala um pouco diferente (será de outro planeta?), é inteligentíssima, e tem um filho lindo, e é um pouquinho mais nova que eu e tem uma "arquitetura". (Meu Deus!) e tão indecisa este ano sobre o que fazer da vida, quanto eu. E adora cinema, tanto quanto eu adoro música, talvez enciclopedicamente, até. Ela gosta de Antonioni, só para ficar num exemplo.
Inacreditavelmente corajoso, afinal ela me deu essa coragem, após sentar-se a meu lado, a chamei para tomar um chope ou uma cerveja e comer algo. E ela topou, antes apenas certificando-se, como mãe ciosa que é, se o filho estava bem. Estava.

Ela é assim, me tomou de assalto. Conversa vai, conversa vem, o inacreditável aconteceu. Nos beijamos. E agora estou aqui, tristinho como estava antes, porque ontem ela me gongou. Tínhamos marcado um novo encontro e ela mandou uma mensagem dizendo que não podia sair de casa... Não quis invadir e perguntar o porquê e estou aqui, angustiado. Será mais uma tragicomédia?

Hoje, no day-after, decidi comprar uma bike para deixar aqui no “apê da praia”. É preciso. Devo ocupar a mente com algo melhor que televisão, e carregar "a garota da praia" na cabeça da Ponta da Praia até o José Menino, levá-la daqui para lá e de lá para cá. Ela está na minha cabeça, está no meu coração, que espera... Será que só devo esperar ou devo tentar mudar o final dessa história? Ainda bem que eu já sei quem é o autor, dá para mudar o final sem ter que implorar por isso. Bem, na verdade eu não sei o final da história. Só sei que agora, ela é tudo que eu quero.

* Título em homenagem às chamadas de capa da revista “Sou + Eu”. A aberração mais divertida do mercado editorial brasileiro.

Sunday, January 07, 2007

O Amor Não Tira Férias (de verdade)

Bem, o serviço está feito. Minha mãe mudou-se para Patos. Foi morar com minha irmã. Ajudei no que pude, estava presente. O ano das duas já começa com uma mudança e eu decidi que está na hora de fazer as minhas mudanças também. É o fim de uma era. Para mim, dez anos e meio de São Paulo já deram. Para ela, 33 anos e meio em Santos, deram também.

Em janeiro fazem quatro anos que eu me separei e até agora não organizei a minha vida, que piorou em vários aspectos, principalmente o financeiro, o que me impede de realmente fazer algo por mim mesmo. Pois decidi que essa é a hora. Se eu consegui perder 8 kg em 11 meses, porque não posso diminuir de tamanho? Porque não posso caber num quarto? É hora de mudar.

E o que o amor tem a ver com isso? Tem tudo a ver. Não se faz nada sem amor. Não se muda nada, se não se tem um objetivo na vida. E eu tenho dois motivos para começar a mudar. Meu futuro e o de minha filha, as duas pessoas que eu mais amo. Eu e ela. Preciso de saúde financeira para que sejamos felizes. Para quem sabe um dia, inclusive, nós possamos viver juntos novamente.

E não se muda nada se ficamos parados diante das situações que insistem em demonstrar que se está errado. Só para ficar num exemplo, para que ficar se relacionando com as mesmas pessoas? Pra que ter no messenger ex-namoradas, casos, rolos, ou outras coisas parecidas, só para começar??? Para que perpetuar essas situações, mesmo que ainda existam algumas lembranças felizes. Chegou a hora de botar vários pontos finais em algumas histórias de minha vida, como acabei de ver no filme que me inspirou a escrever este post, o surpreendentemente simples e bonito, “O Amor Não Tira Férias” (Holiday), com Jude Law, Cameron Diaz, Kate Winslet, Jack Black e Eli Wallach, simplesmente perfeitos.

Porque rejeitar tanto a terra natal, se ela, às vezes, pode ter muito a oferecer? Fazia tempo não passava tanto tempo na cidade e não conseguia notar que ela pode ser bem legal. Aqui posso pegar ônibus de madrugada (great!), andar de bicicleta na praia de manhã, estar constantemente bronzeado... E agora tem bons cinemas. E na casa do meu pai tem três ventiladores, oras! E eu posso finalmente sair de São Paulo e conhecer pessoas, novas, isso não é bom? E nada me impediria de dormir em São Paulo de vez em quando. Afinal, para que servem os amigos? Ainda tô de férias e vou pensar bastante a respeito...

Wednesday, January 03, 2007

É de madrugada que São Paulo vira cidade do interior

Vamos lutar por um transporte público decente e de qualidade em São Paulo. É um absurdo que a maior cidade da América Latina, com mais de dez milhões de habitantes, tenha um transporte de cidade do interior após a meia-noite.

São Paulo não tem linhas noturnas de ônibus, trem ou metrô. De 0h15 às 4h30, tudo pára. Quem pegou trânsito na estrada dia 1º, na volta do litoral, e chegou depois da meia-noite se lascou. Não havia nenhum esquema especial preparado, o que era o mínimo.

O Metrô de São Paulo pára à meia-noite, o que é um absurdo (em NY não é assim, em Londres muito menos) e depois não há sequer ônibus (as poucas linhas noturnas desaparecem aos domingos e feriados e é muita sorte pegar um busão depois de 1h).

Outro problema é a máfia que domina a "ponte rodoviária" São Paulo-Santos (Expresso Brasileiro, Ultra e Rápido Brasil). O serviço dessas empresas é porco. No dia 1º de janeiro não foi montado nenhum esquema especial para atender o público na Rodoviária de Santos e o resultado foram filas imensas e os carros extras não davam conta da demanda.

Após a chegada, sem ônibus e metrô, a rodoviária do Jabaquara virou um albergue. Crianças e idosos dormiram ao relento para esperar a chegada do Metrô e dos ônibus intermunicipais. Isso é indecente. Caos aéreo é o cacete! Alguns microônibus do sistema integrado, clandestinamente, tentavam ajudar, circulando após 1h, fazendo o batidão Jabaquara-Sé, mas eram insuficientes.

CAMPANHAS

Assistam "O Céu de Suely".

Ouçam "Seu Minuto, Meu Segundo", do Gram.

Andem de bicicleta.

Tuesday, January 02, 2007

Praia, fireworks e democracia

Havia quatro anos que eu não passava o Réveillon na terrinha. Ano passado, vi São paulo explodir num frenesi pirotécnico do alto de um edifício no Centrão. Em 2004 e 2003 estive em Copa.

Santos, não fosse sua beleza natural, seu porto e sua história _lá nasceram ou se criaram políticos de primeira grandeza, como os Andradas, Covas, a marquesa de Santos, cientistas como o padre Bartolomeu de Gusmão (um dos pioneiros do balão), campeões olímpicos, como Rogério Sampaio, dramaturgos, como Plínio Marcos, inúmeros atores e atrizes famosos_ muito provavelmente não seria nada mais do que é hoje: o último lar de aposentados de quase todo o Brasil. Como disse Marcelo Rubens Paiva, “Sabe por que Santos não afunda? Porque merda bóia”. Ah, claro, para quem gosta, é a terra do Santos Futebol Clube, tanto que Santos, além do prefeito, tem outra “otoridade” importante, o presidente do SFC, uma espécie de califa local, ou sultão, não sei.

Neste fim-de-ano, após um turbulento 2006, me restavam poucas opções: um réveillon em Sampa com um amigão e um bando de desconhecidos, ou estar com meu pai e minha mãe. Preferi a segunda opção, até porque, criado na praia (ou na merda), ainda não me acostumo com um Réveillon sem água por perto. Se um rojão me atingisse, pelo menos tenho para onde correr (me perdoe, sargento Barbosa, meu mestre de brigada de incêndio, desconheço se esse é o procedimento correto).

Foi interessante reviver algumas sensações. Apesar da nova Imigrantes, descer para Santos na temporada continua um inferno. Safo, desci no dia 31 à tarde. Até que deu certo. O sofrimento nos apertados bancos da Expresso Brasileiro foi amenizado pelo ar condicionado e por Nick Cave e A77aque e durou apenas 1h30 (a viagem normal dura 1h).

Visitei o meu pai, depois corri para a mãe. Jantamos, revimos juntos “Irmãos Cara-de-Pau”, que pssava na TV (Jim Belushi é o cara), depois pusemos nossos chinelos e fomos para a praia ver o “espetáculo”. Faltou a contagem regressiva em algum sistema de som (sabe como é, os velhinhos da avenida da praia podem enfartar), mas a cidade, enfim, caprichou nos fogos, pela primeira vez instalados no Oceano, e nos proporcionou 15 minutos de beleza extenuante. Fogos, pirotecnia, luzes que acendem e apagam_ fireflies fumegantes, mas faltou a contagem...

Não faltou o abraço na mãe e o desejo que 2007 não seja para nós a sombra da bosta que foi 2006. Para quem tem alguma dúvida, lá vai: eu vi minha filha ir morar na PQP, tive o susto de ver o pai superar uma cirurgia horrível para extrair um câncer. No trabalho, nada novo, sem emoções novas, muito menos salário novo, dívidas nas alturas. Dois amores na trave. Doenças... Só rindo, só lendo, só ouvindo muita música para buscar inspiração.

Tinha que voltar dia 1º. Afinal, os colegas “super legais” do trabalho me escalaram para o plantão do dia 2, com início às 9h (no próximo post conto a saga para chegar em casa).

Que minha vida em 2007 seja um pouco menos fugaz e idiota, como os belos, porém inúteis, fogos que estouraram na praia. Que o sacrifício valha a pena, pois sinto que o de 2006 foi apenas um aprendizado, mas muito, muito dolorido e desgastante.

Nasceu o novo dia e como muitos outros primeiros de janeiro, lá estava eu, pisando a areia de Santos. Os elementos estavam todos lá: prédios tortos, a areia escura, as árvores, os chuveiros, o mar, as ondas, os canais. Extremamente democrático em seu vai-e-vem, o footing a beira-mar santista não padece da deprimente ditadura da beleza. Lá somos todos normais e, mesmo em meu triste semblante, cabisbaixo, pensativo, a barba desgrenhada por fazer, o quilo e meio ganho na temporada natalina de muitos sorvetes com a filhota, me achava lindo e pronto (para 2007???).

Depois de ver “o homem” assumir de novo, fui tomar meu rumo e Santos voltou a ser a Santos em época de temporada. Rodoviária lotada como nunca me fez hesitar, mas à meia-noite, enfim, parti. Anchieta parada (porque a estrada mais linda, sempre tem que ser a mais lenta?), ônibus lotado de manos pós-adolescentes rindo o tempo todo. Riem de quê, caralho??? De quê!!!

Eles apenas sonham. O ano apenas começou para eles, que voltarão para a praia outras vezes. Para mim, ainda tenho esperanças, mas acho que o ano apenas mudou de número.