Tuesday, July 31, 2007

Hora de voltar e recomeçar*


Depois da correria para chegar à rodoviária de Patos de Minas no horário, partimos para Uberlândia rumo à Maringá. Apenas nestes dois trechos andei 1.011 km dos 4.172 km que percorri entre SP-MG-GO-DF e PR. Mais 150 km e eu poderia ter ido do Oiapoque ao Chuí (os extremos norte e sul do País).

O cerrado é lindo, as cidades muitas vezes mal-crescidas, subnutridas, atrapalham a apreciação do cenário, assim como o bebê babão e seu gugudadá interminável dificultam a degustação da trilha que eu escolhi para o cenário: Beatles e U2. Pelo menos o ônibus era um pouquinho melhor desta vez.

Olho para os ipês, o céu mais azul do cerrado, a terra super vermelha do lugar... No player toca "All I Want Is You" e eu caio em mim e descubro que já não tenho mais esse "you", ou ainda tenho, mas tenho que esquecê-la?

Isabella dorme e eu penso: quando vou ter um "you" para, brega, cantar "All I Want Is You"? E, gente, o Bono está separado da Ali, após quase 30 anos de casamento e quatro filhos!!!

The Dream Is Over, acho. A única coisa que eu sei é que preciso, urgente, fazer algo para mudar minha vida.

Ou vou sempre pegar o ônibus da vida e aguardar as surpresas do caminho, como a jóia que encontrei no cerrado?

* Parcialmente escrito em 27.07.07, no ônibus entre Patos de Minas e Uberlândia... Foto: pôr-do-sol em Patos de Minas, em 21.07.07

Thursday, July 19, 2007

Fazendo uns kms


Como dizem meus amigos taxistas, estou "fazendo uns kms" a mais ultimamente. A falta de grana, somada a necessidade de viajar e aos meus temores diante do caos aéreo, confirmados pelo acidente de anteontem com o avião da TAM em Congonhas, atestam que tomei a decisão ao certa ao decidir fazer toda a minha viagem Santos - São Paulo - Minas - BSB - Minas - Paraná de ônibus.

Até agora já percorri 2240 km dos 4172 km previstos (mais 150 km e seria o suficiente para cruzar o Brasil de norte a sul, do Oiapoque ao Chuí!!!) e estou razoavelmente satisfeito com as companhias de ônibus e com a qualidade do descanso que tive durante a viagem, excetuando a verdadeira cangalha que peguei entre Uberaba e Patos de Minas (alô Viação Gontijo!!!!), um ônibus velho e fedidinho, que parava em qualquer lugar e cujo motorista não informava onde estava parando e por quanto tempo (o que é obrigatório, viu Viação Gontijo!!!!), e o gordão que viajou do meu lado entre BSB e Uberaba, que me tirou espaço e me garantiu uma noite de insônia.

Minha filhota só confirmou ser uma grande companheira de viagem. Do alto de seus seis anos de idade, nos divertimos horrores, seja com os yes ou nos de "I´ve Got A Feeling", que ela ficava cantando ontem em voz alta no ônibus, seja conversando sobre a estrada e soltando suas pérolas extremamente imaginativas, etc...

Até agora foi tudo bem, estou com a minha filha desde o dia 9. Nos dias que ficamos separados, ela em Uberaba e eu em Brasília, nos divertimos horrores. Ela foi ao parque dos Dinossauros, plantou pés de maracujá e eu fui em Pirenópolis-GO e curti meus amigões de Brasília, cada vez mais especiais e queridos e conheci uma pessoa nova MUITO legal. Ah, importantíssimo, descobri a beleza dos buritis, a diversidade, o clima, o sol e os sabores das frutas do cerrado em julho.

No dia que escrevi o texto, não consegui fazer o upload das fotos de Piri, mas agora taí... "Sabe o que é isso?: é pedreira de pedra de Pirenópolis"...

Tuesday, July 03, 2007

Ah se coubessem todos os etc...


“Thank you for your pictures”. Esta foi a única frase com algum sentido que consegui dizer para um feliz Bob Gruen, que autografava seu livro e posava para fotos com adolescentes, adultos e idosos que foram visitar a Rockers, exposição que compila seus 40 anos de carreira e que terminou este domingo. Junto com Mick Rock, ele é um dos maiores fotógrafos da história do rock.


A exposição, muito bem montada, inclui até objetos exóticos feitos a partir de suas imagens, como uma colcha que estampa a famosa foto do Led Zeppelin junto ao avião da banda. Mais do que retratos dos artistas, Bob conseguia revelá-los na intimidade, pois era íntimo dos músicos. Além de registrar momentos importantes da música, como o nascimento dos Ramones, os shows do CBGB Omfug, o surgimento da New Wave, Gruen também foi o responsável por um verdadeiro diário fotográfico do casal Lennon na América.


Ver suas fotos e tirar uma foto com Gruen (essa aí de cima que eu fiquei com essa cara de bobo), foi o ponto alto de um fim-de-semana especial, nostálgico, cercado de amigos de Santos. Era como se eu estivesse voltando à 95/96, aos tempos do Embryo. Só faltou mesmo o Roberto e o calor do verão santista no interior da garagem do prédio dele, onde ensaiávamos todo fim-de-semana.


O Mauro, “meu amigo de fé, meu irmão camarada”, veio ver a Rockers e o show do Lô Borges, em nova turnê, do disco “Bhanda”. Além de hospedá-lo, fui junto. A curtição, claro, seria garantida, até porque teríamos a companhia das F´s, duas irmãs que acompanharam e foram fãs de toda a carreira do Embryo e estavam sempre lá dando uma super força.


Apresentar lugares da cidade onde moro há tanto tempo para o amigo só fazem com que eu me apaixone mais ainda por São Paulo e acabe descobrindo lugares novos também, como o excelente restaurante japonês por quilo na Liberdade que descobrimos sem querer ou novos sabores como o doce de um tipo de pão de ló em formato de banana, com recheio de creme.


Já as manas moram há pouco tempo na cidade, mas sempre estavam por aqui e estão mais adaptadas. Estarmos os quatro ou até com mais gente junto não cai na conversa fácil de meras lembranças do passado. Como já havia abordado aqui em outro texto, há muitos pontos em comum e um horizonte inteiro para explorar ainda. Há pontos de contato indicando o futuro e nossos pontos em comum apenas ajudarão a conquistar a tal felicidade.


Uma das manas, por exemplo, é cinco anos mais nova que eu, o que hoje não tem mais o impacto dos tempos da garagem, quando ela tinha 16/17 e eu, 21/22. Além de termos a mesma profissão, temos um gosto musical parecido e curtimos alguns lugares em comum em São Paulo, com a diferença de que ela tem uma energia incrível que eu ainda estou recuperando aos poucos. Prometemos não perder contato. Ontem, por exemplo, ela me apresentou o Treze Bar.


A outra mana já está mais calma, tem quase a minha idade e a do Mauro e gosta de coisas mais tranqüilinhas, que eu também gosto. Já andou me levando para uns lugares diferentes, portanto acho que vou conhecer mais coisas novas. Todos estamos felizes de estarmos nos vendo de novo. É como se fossem os ensaios de novo.


Mauro, assim como eu, ultrapassou os limites do rock e é também um grande fã de música brasileira, com ou sem P. “Pra mim existe hoje apenas música que eu gosto e que não gosto”, diz ele. E eu concordo. Os rótulos nos engessam e afetam nossa busca pelo novo ou pelo antigo que pulamos nas prateleiras das lojas de disco ou que simplesmente deixamos de conhecer.


Como canta Belchior em “Velha Roupa Colorida”, “o que há algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo”, portanto ninguém é obrigado a conhecer as novidades da música ou de qualquer arte assim que elas acontecem. Lô Borges, para mim, por exemplo, é uma novidade de pouco mais de um ano que ainda estou assimilando, assim como eu estou gamado em Magic Numbers e Snow Patrol, que são “fresquinhos”. Na prática, ambos são pão quente para mim, porque conhecer coisas novas é o que importa, não importa quantos anos elas tenham, como os discos de Warren Zevon, que o Mauro me trouxe emprestados e que me cativam mais a cada audição.


O importante é desbravar o desconhecido, como o rejuvenescido Lô, que do alto de seus 50 e poucos anos, concentra boa parte do repertório de seu show em novidades de seus dois últimos discos_”Bhanda” e “Um Dia e Meio”, que incluem parcerias com Chico Amaral (Skank) e César Maurício (Virna Lisi), além do velho companheiro Márcio Borges.


O repertório inclui ainda parcerias com outros artistas, como “Dois Rios” (Borges/Nando Reis/Samuel Rosa), lançada pelo Skank, que você pode ver aqui na versão do Lô no Sesc este sábado (atenção ao guitarrista Giuliano Fernandes!!!), e velhos clássicos como “Um Girassol da Cor de Seu Cabelo”, claro.


Queridos amigos, foi muito bom curtir tudo isso com vocês este final de semana. Virão outros! Já estou com saudade. E olha que faltou contar coisa aqui, imagina se coubessem todos os etc???


Monday, July 02, 2007

Feliz improviso*



Nada como 15 minutos de caminhada até o supermercado, perto da meia-noite, para que as idéias voltassem a servir para alguma coisa, além de esquentar a cabeça.

Preparo-me para as primeiras férias de longa duração após um bom tempo. Ano passado, em julho, optei por um período curto de descanso para ter um período longo de descanso entre dezembro de 2006 e janeiro de 2007, no qual somaria férias e recesso. Foi um erro. No recesso estive de plantão e trabalhei muito e não passei com a minha filha um tempo de qualidade, interrompido por chamadas repentinas e atendimentos a eles, os jornalistas...


Agora estou ansioso. Os amigos esperam e eu quero agradar à todos, principalmente minha filha. Ela merece. Este ano a vi somente duas vezes: na Semana Santa e na Páscoa. É chegada a nossa hora. Dos 20 dias, ficarei 13 com ela e ela poderá ver todos os avós e a tia.


Espero que os 20 dias de férias sejam tão bons quanto os quatro dias que passei no Rio no Corpus Christi. Tinha em mente ir ao Maracanã, assistir a uma apresentação de samba, pegar uma praia em Ipanema... Não fiz nada disso e não me arrependo. Das minhas auto-promessas, realizei apenas o sonho de ver o Rio a partir do Corcovado num dia de sol. Sonho realizado.


Não me arrependo porque curti meu tempo lá com dois dos melhores amigos que eu tenho nessa vida, o Bruno e a Gabi. Os dois são responsáveis por tudo o que eu conheço no Rio, onde me sinto cada vez mais em casa. Fora que os amigos aumentaram. Hoje minha “família” no Rio é maior, todos cariocas.


E os lugares que conheço e revisito só aumentam. Fui ao MAC e conheci Niterói, onde cheguei de barca, um passeio que me fez lembrar as travessias de Santos para o Guarujá na infância, multiplicadas por dez. Andei pela avenida beirando o mar e cheguei ao museu, uma obra futurista de Niemeyer quase dentro d´água com vista para o Pão de Açúcar e o Corcovado ao mesmo tempo. O dia terminou animado com um encontro com amigos em comum na Urca, que um dia já foi palco de confissões numa noite e beijos numa tarde. Depois, emendamos festa improvisada e muito animada na casa da Gabi, organizada pelo “trio ternura” em duas horas.


Aceitando o convite de um novo amigo, da festa emendei uma baladeenha forte na Casa da Matriz que foi fantástica. Já virei de freguês do pico que conheço de outros carnavais. O repertório de bocas e de músicas foi empolgante. O DJ estava animado e tocou uma seqüência cabulosa de sixties no fim da festa, espertamente intercalando Beatles, Stones, Who, Kinks e jovem guarda.


O autor fez sua já antológica performance de “Jumpin´ Jack Flash” e se surpreendeu com a sacada incrível do DJ, que tocou “Night Before”, do Help!. Nunca havia ouvido essa música numa pista antes (A moda de tocar Beatles na balada está pegando mesmo. No último sábado, aqui em Sampa, o DJ emendou uma seqüência grande na Funhouse).


No domingo, último dia, estávamos todos os três um lixo, por motivos diferentes. Levantamos e transformamos os restos da festa em café da manhã, sem vinho, nem cerveja, please... e fomos para a Lagoa queimar os pecados acumulados. Amém! Obrigado queridos amigos, vocês foram demais!!! Voltei zerado e com mais motivos para continuar amando o Rio. Pessoal de Brasília, me espere.


P.S.: Gabi, eu votei no Cristo, tá bom????

*Fotos de Bruno Cruz e MO