Thursday, May 03, 2007

Continuando a matar a auto-negligência

“Sua coluna é um caso sério, como é que você nunca fez nada por ela até hoje?”.

“Provavelmente, mais pra frente, se você não fizer nada, você vai ter que operar essa coluna”.

“Teu alongamento é zero”.

“Você tem uma vértebra mal desenvolvida, o que é comum em casos de artrose”.

“Essa dor no seu quadril é bursite ou tendinite e a outra, irradiada, ciático. Sua bacia é pequena para o tamanho do seu corpo e aí os músculos da região ficam mais alongados que o normal (será essa a origem do meu rebolado à la Windsor?)”.

“Sua perna direita é levemente maior que a esquerda”.

“Vale a pena você investir em você, faz umas sessões de RPG”.

“A impressão que dá é que você resolveu cuidar de você de uns tempos para cá”.

Todas as frases são verdadeiras e o pior é que eu já sabia tudo isso (menos o lance da bacia e da perna menor que a outra). E, apesar dos pesares, estou orgulhoso das última frase do médico. Queria ou não, no último ano e meio, desde a cirurgia, eu tenho cuidado melhor de mim.

Mas foi um choque, mesmo assim, ouvir todo esse rosário do ortopedista. Pra mim, elas (as frases) são a prova capital que palavras bem colocadas têm um poder enorme sobre o ser humano. Se o meu médico fosse um bundão, provavelmente o que ele disse entraria por um lado e sairia por outro, mas este dr. Angeli, tão contundente quanto o cartunista, deu o tiro de misericórdia na minha preguiça e na minha resignação. Chegou a hora de cuidar de mim, obrigado. Vou fazer RPG em breve. É só sair aquela bufunfa.

Esse foi o começo do meu dia, nada alvissareiro, exceto por uma passagem, sem querer, ao errar o caminho do consultório, pela magnífica fachada da igreja de Nossa Senhora do Carmo (nenhuma carolice aqui, só admiração), a das irmãs carmelitas, coisa linda, linda de morrer. Um amarelo pálido em meio a um céu azul promissor de ontem de manhã.

O dia seguiu, sobrevivi, fui tocando, outras coisas saíram, pessoas novas vieram conversar (tô falando de você, futura ex-loira...) e Isabella me deu duas provas de sua fibra, da altura de seus cinco anos (quase seis, quase seis). Ela se comportou super bem no teste do aparelho móvel e aceitou resignada (explico mais pra frente porque isso é bom) que o aniversário dela não vai ser no McDonalds.

Não há nenhum anticapitalismo aqui. Minha luta por uma comida mais natural e saudável (que não é só minha, amém), me faz levar a Isabella raramente ao Mc, e por isso concordei que ela poderia ter uma festa de aniversário lá, porque festa é exceção, como era a Coca-Cola lá em casa, “nos idos de 63”, mas o Mc de Maringá parou de oferecer o serviço e melou todo nosso esquema. Orientada por mim, a mãe dela deu outras sugestões e falou a real para a Isabella, que entendeu (um sinal de maturidade). Ela terá uma festa alternativa e com a presença deste escriba em pessoa.

5 comments:

Fernanda Radtke said...

hahaha...começarei com uma peruca pra ver se me acostumo. Estou me apaixonando pela sua filha. Ainda vou escrever alguma coisa sobre ela, sem conhecer...vai ser o próximo desafio...rs.
Beijo grande!

Angela Amaral Fotografia Digital said...
This comment has been removed by the author.
Angela Amaral Fotografia Digital said...

OLha..pra começar a ser "amigo" tem q comentar, né!!?
Então tá..coloque um despertador..e vai caminhar todos os dias antes das 6h..!!Tá.. pode ser bicicleta mesmo!!Não se esqueça dos alongamentos..da respiração..mentalização..etc..etc.e.. continue lutando por uma alimentação saúdável..tbm não levo meu filho no Mc..deixo pro pai dele fazer isso!!
Òh..de verdade..adorei te conhecer..assim meio que esbarrando, e vou passar por aqui sempre..não sei bem o horário..mas isso vc tb não importa!!rs..
Bejo..bons sonhos!E parabéns!

Unknown said...

A verdade é que coluna sim, coluna não, vc está ficando velho! e a semana que vem, mais velho ainda rs..rs...rs...
McDonald não é legal pra ninguém, além de caro prakassete! Mas pra molecadinha tem outro significado. É muito importante a Isabella compreender os limites que convivem com ela, mas isso é uma coisa natural, que vem com a idade + a educação dos pais, e no seu caso, meu caro, é britânica. Os meus (e seus tb)aniversários foram sempre em casa, com bolo e lanchinhos da mãe, e pagaria qquer coisa por outro desses. Podes crer.

Anonymous said...

Querido Zoyd, querido mesmo, amigo lindo. Bom ter notícias tuas, mesmo que pelo blog. Adoro seus textos!!!! Beijoca