Saturday, April 28, 2007

Chegou a hora do acerto de contas

Com a renda carcomida por pilhas de dívidas chegou a hora de encarar o acerto de contas. Faltam apenas alguns dias para, enfim, saber novamente como é respirar. Isto acontecerá um dia depois do meu aniversário, será meu presente para mim mesmo. O mergulho nas mais diversas sensações dionísicas foi intenso, mas agora não dá mais. Nos próximos 15 dias, sai o prazer fútil em busca do desconhecido, entra o encontro terrível comigo mesmo_ o que nem sempre é prazeroso.


O choque final aconteceu dia 25. Minha filha foi ao dentista e ela precisa de um aparelho. E eu não tenho um centavo para ajudar neste momento. Isso me jogou no chão com violência, como o tombo daquele outro dia. Fiquei mal, me sentindo um merda... Peguei meu cartão de crédito e o parti em dois. Pô, se me chamam para uma balada eu vou, por que posso pagar no cartão. Se minha filha precisa de dinheiro vivo para o aparelho eu não tenho.


Que vida é essa na qual usufruo de crédito, mesmo sem ter dinheiro vivo? É uma espiral sem fim, da qual começarei a me livrar mês que vem, quando, finalmente, terei direito a um dinheiro que é meu, mas que o Estado precisa emprestado para financiar casas. Coisas do Estado. Foi ruim para mim, mas é justo que o sistema seja assim. De alguma forma, esse país de endividados tem que tentar poupar.


Tenho condições de buscar prazer de outras formas e vou encontrá-lo, sem gastar um centavo. Há uma pilha de livros e CDs na minha sala que sempre quis ler e escutar e agora chegou a hora, até porque “la piazza e mia!!!!!!!!”. Tem Talese, Gaspari, Paulo Cesar Araújo, mais Safran Foer, Hornby, tem Los Hermanos, Nara Leão, Erasmo, rock inglês que eu não ouvi, um monte de filmes que não assisti... E se o frio deixar tem a bicicleta também. Fred está viajando, Marcos sumiu e eu vou ficar aqui sozinho este feriado, acertando as contas comigo mesmo. Alguém quer vir?

Wednesday, April 18, 2007

Do que somos feitos?

No último dia 4 havia chegado a hora de pegar o ônibus de novo. Após dez horas de estrada e um descanso fuleiro no sempre confortável Íbis Maringá havia chegado a hora da surpresa. Encontrei minha filha na entrada da escola, como todo pai deve ter o direito de encontrar e ela me recebeu com um sorriso banguela enorme.

Como todo pai deve, conheci cada centímetro daquele lugar apresentado pela minha própria filha, com suas palavras, de incontida satisfação e com toda a espontaneidade. Como todo pai deve, conheci a professora da minha filha. Isabella adora o lugar, eu também.

Dali em diante, passamos quatro dias juntos, como sempre gostamos de passar: passeando em parques, indo ao cinema, jantando e almoçando em restaurantes, brincando (sua nova mania é jogar forca), desenhando, ouvindo e escutando muitos “eu te amo”.

A vida não precisa ser perfeita. Talvez ela ainda estivesse em São Paulo e o tempo que passaríamos juntos poderia não ser de qualidade. A vida precisa ser como é, mas nós temos que transformar cada momento em algo importante, como nas pedaladas na Bela Vista ao som de Modern Times, do Dylan, no MP3, olhando as antiguidades da feirinha do Bixiga. Ou seja, precisamos nos adaptar e fazer as coisas se encaixarem.

Entretanto, há momentos em que não resistimos e nos quais descobrimos do que somos feitos, e choramos, mesmo em meio a toda a alegria.

Fomos assistir juntos à “Família do Futuro”, da Disney. Não sabia que seria tão emocionante. Garoto órfão e muito CDF resolve inventar uma máquina para voltar no tempo para conhecer a mãe biológica que o havia abandonado na porta do orfanato. Futuro e passado se encontram numa trama simples e inocente, mas cativante.

Descobrimos que somos feitos dos mesmos tecidos, com algumas diferenças, claro, mas descobrimos. Rapidamente, a história do garoto sem pai, nem mãe, que é acolhido no futuro por uma bela família, nos soava retumbantemente nossa e começamos a chorar, quase ao mesmo tempo, como choro agora, escrevendo e ouvindo um velho disco. Éramos nós na tela, mas estávamos ali de novo, abraçados, no escuro do cinema, como nós sempre fizemos e sempre faremos.

Os amigos têm vindo

Após uma noite de sexta-feira de muito álcool, risadas, conversas profundas com uma pessoa linda e intrigante que nasceu no mesmo dia que eu, dança delirante ao som de Beatles e Stones e gostosos beijos roubados e perdidos, veio o sábado.

Não sei quantas latas de cerveja, doze garrafas de Original, várias Paulaners, e uns petiscos. Seria esta a receita de uma tarde perfeita de sábado? Não sei, só sei que alguns de nossos amigos queridos vieram e se divertiram. Contei a história da minha medalha ganha numa regata como contrapeso e todos riram.

Ah, se eles soubessem dos mistérios do mar... O garoto da praia sou eu também. Posso não levar jeito, mas o mar e a praia estão no meu DNA e a minha medalha também, que é minha e tão merecida como as pintas espalhadas pelo meu corpo. Mas todos rimos da minha história, inclusive eu, pois realmente não deixa de ser curioso eu ter ganho uma medalha esportiva justo quando estava gordo. Na época, em 2005, eu pesava 95kg. Agora, 82kg.

Depois de uma noite perdida de sábado, perdida mesmo... veio o domingo, o Massa, o frango na brasa, o sono atrasado, o trem para Itaquera, o trampo, feliz, com o amigo, ao som do vizinho dele cantando as canções que o Rei fez para mim, pra vocês, pra todos nós. Então chegou o grande amigo Mauro, trazendo o sotaque de Santos que eu não tenho mais e a esperança de um novo trampo.

E enfim, Mauro e Marcos Sergio se conheceram e todos nós conhecemos, sem querer, o Amigo Sushi, um restaurante que vale a pena conhecer. A única coisa que eu tenho a dizer é: vão lá. Avenida da Liberdade, 607, todos os dias aberto para o jantar até as 3h, exceto terça-feira. Tem o melhor sashimi que eu já comi na vida e é barato.

E pelo MSN, um último registro. Finalmente conversamos tudo que precisávamos, eu e a garota da praia. E foi muito bom. Ela está feliz agora, eu estou tentando. E seremos amigos.

Os dois últimos posts foram escritos ao som do belíssimo “Into The Great Wide Open”, de Tom Petty and Heartbreakers, em breve no resenhas.

Sunday, April 01, 2007

Velhos discos, novas sensações

Aos poucos o apê é cada vez mais um lar. O time agora está completo. MS chegou, foi recebido com farofa e galinha e trouxe a vitrolinha na qual tenho ouvido meus velhos vinis (o auge se deu na manhã de domingo, com o Sticky Fingers, dos Stones, estourando os tímpanos).


Ao mesmo tempo em que revirava minha adolescência, o novo se fez presente. No sábado, almoço no chinês da Umberto I com as novas amigas da Aclimação e o círculo vai se aumentando. Elas conhecem pessoas que eu conheço e amo em Bauru, velhos amigos, novas conexões. As conversas vão nos aproximando, gostam de lugares que eu gosto. Tudo prova que somos todos da mesma tribo humana.


À noite, a nova velha amiga Sha me apresentou, enfim, o idch. Lugar lindo, quadros lindos, bebidas deliciosas, som black amador, oscilante, com bons e maus momentos, mas valeu a pena. Volto para casa de madrugada, à pé. Tudo continua tão perto... Os amigos estavam acordados> Demorei a dormir, ansioso pelo dia seguinte, pois veria minha irmã após três meses.


Acordei cedo, comprei frutas e fui andar de bike e consegui subir a Brigadeiro parando apenas duas vezes, num semáforo e para tomar uma água. O sol estava escaldante e eu estava orgulhoso e feliz. Mana chegou com o simpático Andrés e fomos ao Halim, um restaurante/lanchonete árabe excelente, no Paraíso, na rua Rafael de Barros. Se você for, peça uma picanha de carneiro por mim e um uzzi_ que é uma comida quase inexplicável de tão boa. Outro hit é a esfiha fechada de ricota, um espetáculo.


De lá, fomos ao Centro Cultural, na Vergueiro, tudo a pé. Pela primeira vez na vida, veria um show de Zé Geraldo, de quem só conhecia uma ou duas músicas, no máximo, mas era um compromisso com os amigos de Santos. Que felicidade dá ver um cara tão feliz quanto ele no palco. Músicas novas com muito a dizer, como “Porra, Mano!” e velhos clássicos como “Senhorita”.


Mais uma vez o velho e o novo. Músicas antigas de um artista renovado, velhas amizades rejuvenescidas, algumas delas já com 23 anos, como o Fábio, que foi meu colega na 3a série do fundamental!!! Depois mostrei, orgulhoso, a casa nova para os amigos, e daqui descemos até a Lazzarella, no Bixiga, novidade para eles, um clássico para mim.