Wednesday, April 18, 2007

Do que somos feitos?

No último dia 4 havia chegado a hora de pegar o ônibus de novo. Após dez horas de estrada e um descanso fuleiro no sempre confortável Íbis Maringá havia chegado a hora da surpresa. Encontrei minha filha na entrada da escola, como todo pai deve ter o direito de encontrar e ela me recebeu com um sorriso banguela enorme.

Como todo pai deve, conheci cada centímetro daquele lugar apresentado pela minha própria filha, com suas palavras, de incontida satisfação e com toda a espontaneidade. Como todo pai deve, conheci a professora da minha filha. Isabella adora o lugar, eu também.

Dali em diante, passamos quatro dias juntos, como sempre gostamos de passar: passeando em parques, indo ao cinema, jantando e almoçando em restaurantes, brincando (sua nova mania é jogar forca), desenhando, ouvindo e escutando muitos “eu te amo”.

A vida não precisa ser perfeita. Talvez ela ainda estivesse em São Paulo e o tempo que passaríamos juntos poderia não ser de qualidade. A vida precisa ser como é, mas nós temos que transformar cada momento em algo importante, como nas pedaladas na Bela Vista ao som de Modern Times, do Dylan, no MP3, olhando as antiguidades da feirinha do Bixiga. Ou seja, precisamos nos adaptar e fazer as coisas se encaixarem.

Entretanto, há momentos em que não resistimos e nos quais descobrimos do que somos feitos, e choramos, mesmo em meio a toda a alegria.

Fomos assistir juntos à “Família do Futuro”, da Disney. Não sabia que seria tão emocionante. Garoto órfão e muito CDF resolve inventar uma máquina para voltar no tempo para conhecer a mãe biológica que o havia abandonado na porta do orfanato. Futuro e passado se encontram numa trama simples e inocente, mas cativante.

Descobrimos que somos feitos dos mesmos tecidos, com algumas diferenças, claro, mas descobrimos. Rapidamente, a história do garoto sem pai, nem mãe, que é acolhido no futuro por uma bela família, nos soava retumbantemente nossa e começamos a chorar, quase ao mesmo tempo, como choro agora, escrevendo e ouvindo um velho disco. Éramos nós na tela, mas estávamos ali de novo, abraçados, no escuro do cinema, como nós sempre fizemos e sempre faremos.

8 comments:

Anonymous said...

Continuo gostando muito dos seus textos!

Anonymous said...

zoyd...
vc me emocionou mais uma vez...quero te agradecer por propiciar a nossa Bellinha momentos tão especiais...ela te ama muito e vc é o melhor pai do mundo !!! meu amigo, obrigada mais uma vez por estar presente na vida da nossa filha. Vc sabe que nem sempre quantidade é qualidade e esses momentos são especiais...

Obrigada

MO said...

Anônima,

Vc sabe que até o impossível eu faço. Obrigado pelo comentário.

Estrela,

Entra no MSN. Tô online,

Beijos,
MO

Anonymous said...

pqp!!!!
que lindo!!!!
bjo lu

Defunto Autor said...

Cara, quando for pai, vou te ligar pra pedir dicas. Tocante.

MO said...

Obrigado, defunto, ajudarei com prazer. Meu, recebi seu SMS, mas tô sem crédito.

Anonymous said...

Já plantei árvore, escrevi livro, só falta ter um filho...rssss. O texto me convence. Beijo!

MO said...

Nanda,

Te garanto que ter filhos é muito bom.

Beijo,

Marcelo