Tuesday, November 21, 2006

Suspenso no espaço (sobre POA, mais um pouco)

Um beijo só, entre concedido e roubado, escalado a partir da nuca, galgado em um pescoço branquinho, parcialmente encoberto por charmosos cabelos curtos... Porque algo tão simples envolve tanto mistério? Porque a cabeça de um homem supostamente tão experiente fica de repente enuviada? Porque nada mais serve? Porque todo o resto é apenas consolação?

A resposta é: não sei. Só sei que ela me encanta. Já havia me encantado no ano passado, mas não tive a auto-confiança necessária para me aproximar de fato. Este ano, quando pediu para que eu me sentasse a seu lado durante um almoço, fiquei de queixo caído. Algo tão simples ligou algo em mim de novo.

Na sexta saímos, tocava uma banda cover de Beatles, os mesmos Beatles que já tínhamos cantado juntos outra noite. O beijo aconteceu, mas ela recusou meu carinho, pediu para que eu esquecesse aquilo, mas agora é impossível, querida! Você já faz parte da minha história, pois estará lá, cravado para sempre no meu chip, esse momento mágico.

Ela mora no centro do país e eu aqui em Sampa, é comprometida, mas não paro de pensar nela e meu único desejo é que toda minha vida coubesse numa mala e que eu pudesse juntar a minha mala e a dela em algum lugar. “Será isso a permanência?”, como cantava Ian Curtis?? _um momento fugidio, algo incompleto, porém perfeito?

Toda essa inquietação me consumiu durante horas ao longo do fim de semana, especialmente nas seis horas em que esperei um avião que parecia fadado a nunca aparecer, talvez para me deixar lá, preso em Porto Alegre com as minhas lembranças de viagem, numa outra dimensão, imaginária...

Bem, nossas vidas seguirão. Cada um em sua cidade, com o seu trabalho e todo o resto. Independentemente do que acontecer, tudo isso é só para dizer que adoro você e que posso ser o que você quiser que eu seja: namorado, amigo, confidente. Apenas não quero que você suma.

De volta à São Paulo, imerso em meu edredon, ouvia um disco antigo dos Acústicos & Valvulados e meus sentidos foram tomados por sua imagem novamente ao ouvir estes versos de “Suspenso no Espaço”. A letra é do poeta/baterista Paulo James, para mim o melhor letrista brasileiro.

“Namorado sempre teve mas também quer seu melhor amigo
E falou que já não mais sabia o que podia ser dito ou não
E muito menos eu que espero a música tocar
Suspenso no espaço
Eu que vou tão longe por guardar
Um beijo na memória”

3 comments:

Anonymous said...

Ai, Jisuis!
Amores impossíveis...
Pelo menos, com os amores impossíveis, os textos ficam mais belos ainda!...
Admiro esse dom das palavras...
bjo bjo
Lu

Defunto Autor said...

Já dizia Billy Corgan, "we must never been apart". Deixe o samba fluir, meu irmão, e belo texto. Ela merece.

Stela said...

Sim, só os amores impossíveis geram belos textos.
O restante acaba, quase que invariavelmente, como em Eternal Sunshine of the Spotless Mind...
Fadado ao jantar 'unsexie' no outrora místico restaurante japonês...

C'EST LA VIE, com em Emerson, Lake e Palmer (essa é véia)

HAVE YOUR LEAVES ALL TURNED TO BROWN?
WILL YOU SCATTER THEM AROUND YOU?

bjo!