Não consigo entender as pessoas que tentam viver a vida apenas em termos racionais, na tentativa de esquadrinhar sentimentos, interpretá-los o tempo todo. A compulsão humana por esse racionalismo, agravada mais ainda nos tempos atuais, pelos verbos julgar (comparar), planejar, executar me deixam cada vez mais sufocado, me fazendo sentir cada vez mais deslocado na Terra.
Sou do tempo em que os verbos sonhar, amar, viver acompanhavam muito mais o imaginário humano. Cresci lendo as Grandes Aventuras Abril (20.000 Léguas Submarinas, Capitão Tormenta, Ivanhoé, Robin Hood, Os Três Mosqueteiros), todos traduzidos e adaptados por grandes autores brasileiros. Me transportava para aquele mundo o tempo todo, aquelas eram as minhas lendas. Ao mesmo tempo entrava pelos meus ouvidos a música de meu pai e minha mãe, Roberto Carlos, Erasmo, os reis em primeiro lugar e todo um cancioneiro popular do fim dos 70, começo dos 80: Discoteque, trilhas de novelas, como O Astro (internacional), Gilliard, Amelinha, a fase Danado de Bom, de Gonzagão, e Roberto Ribeiro.
A televisão e toda a fantasia e alienação que ela representava naqueles tempos em que o idealismo era torturado e morto nos porões da Ditadura (muito antes da constatação de Cazuza de que as Ideologias perdiam sentido – “meu partido é um coração partido/ e as ilusões estão todas perdidas/Os meus sonhos foram todos vendidos/tão barato que eu nem acredito...”). Mundo afora, Mark Chapman e seus tiros invejosos que mataram o resto de ideologia que John Lennon representava, um homem que só queria a paz num sentido não-burguês. Pôxa, não é à toa que, sendo fruto dessa época de ouro (só os tolos acham que os 80 foram completamente inúteis), eu sou Flamengo.
Meu dicionário era a brochura com todas as letras do Roberto até 1981!!! Por causa desse caldo todo é que eu sou extremamente romântico (muito carente, é claro, mas essencialmente romântico), bem humorado a maior parte do tempo, muito rabugento também, crítico exasperado, jornalista, óbvio... Amante das causas impossíveis: Lula Lá, direitos humanos, igualdade, liberdade ainda que à tardinhA e fraternidade.
Por isso está sendo quase impossível o diálogo com essa moça seis anos mais nova pela qual estou me apaixonando e que ainda não beijei!!! Eu não quero novamente viver outro amor platônico. Eu não quero novamente ouvir o que eu ouvi ontem: “quando eu fico com alguém pela primeira vez eu sumo pelo menos uns 15 dias para digerir o que aconteceu”. Pois eu, baby, tudo que eu quero é te agarrar e se eu te agarrasse eu não ía querer soltar! É lógico que você teria sua liberdade, eu te dou todo o espaço para você mergulhar no seu alemão, nos logs e configurações dos sistemas de computação que você desenvolve, mas eu preciso de contato físico... Me dê algum, por favor!!! Ah, e eu já passei da idade de pedir beijo!
* O título desse post não quer dizer nada. Não sei alemão, apenas sei que Liebe é amor. Glauben tem em seu prefixo letras que formam o nome da moça em questão... Mas se alguém souber que faz sentido, me escreva. Estou, no mínimo, curioso.
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