Gente, faz um frio absurdo em São Paulo neste momento. Há exatamente 40 minutos, às 23h36, saí de casa, com o pijama por baixo da jaqueta, em direção ao supermercado 24 horas que fica um quarteirão e meio _e duas avenidas atravessadas_ de casa. Objetivo: comprar algo doce que não fosse sorvete (a droga mais pesada que eu consumo).
Consegui resistir ao sorvete, mas o impulso por doce era monstruoso. Antes de pagar as comprinhas, já tinha tomado um chandele e terminei o outro antes de chegar na esquina da primeira avenida, no caminho de volta. Na seqüência, abri e comecei a comer o biscoito Negresco, o outro item da compra. Após cruzar o portão do prédio, comecei a sentir enjôo. Parei. O pacote ficou pela metade, provavelmente ficará daquele jeito no armário por um bom tempo agora.
Impulsos. Tenho (não) lidado com eles a vida toda. A começar pelas minhas coleções, que foram sendo interrompidas ao longo do tempo: figurinhas, action heroes, selos, Playboys, até chegar aos discos (com esta paixão e a anterior eu não parei!!!). Depois ou simultâneamente vieram as paixões, primeiro as platônicas (de vez em quando eu ainda faço essa merda), depois todas as demais, sempre insanas, com direito a poucos amores e muitos machucados...
E assim as paixões e impulsos têm me domado. Ontem, conversava com um amigo, que pregava: “triste o homem que se deixa dominar pela carne”. Em seguida, conversava com uma ex-, convertida em amiga (na verdade, ela nunca deixou de ser amiga, mas é ex-também, merece o crédito) e ela me disse: “você precisa de controle”.
E, apesar de eu, até hoje, não ter corrido nenhum risco de vida absurdo, de não ter estado perto da morte de verdade, sei os riscos que uma vida desregrada pode trazer. Eu sempre soube disso. Hoje sei mais ainda, afinal tem uma pequena-grande menina de 6 anos que precisa de mim a 700 km daqui. Faz seis meses estava com o colesterol alto, o triglicérides na puta que pariu... E eu os venci, emagreci, fiz dieta, tomei 45 dias dos 90 previstos de remédio e tá lá, os índices baixaram.
Porque não posso fazer isso com a minha paixão, com o meu dinheiro, com minha libido, com minha paixão pelo álcool? Porque tenho que me apaixonar por todo sorriso ou unhas vermelhas em um pé branco toda vez que vejo uns, porque tenho que gastar todo meu dinheiro em pouco tempo e me endividar como um suicida louco, porque tenho que trepar toda vez que tenho vontade, mesmo sem ter ninguém com quem trepar, porque tenho que beber muito toda vez que saio? É preciso controle. E, muitas vezes, sobre a bike, eu tenho todo o controle... Essa magrelinha tem sido fundamental. As próximas vítimas serão os livros parados na estante... Pasarán todos!!!
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2 comments:
Pois é. Eu também tenho destinado parte do meu tempo a pedaladas e isso se transformou em um vício, tal como os outros. Quem vive se apaixonando é um endorfina addicted. Quem anda de bicicleta também. Mas dá pra conter os excessos? Sim, é possível. Menos os excessos de amor --principalmente quando eles representam alguém com ou menos seis anos de idade. Força aí!
Gostei muito do seu texto. E também da referência (consigo ser amiga em tempo integral e ex atual).
Em nossa conversa por telefone acabei esquecendo de dizer algo. No Tai Chi Chuan eles usam a expressão "o eixo do Tai Chi", que nada mais é do que encontrar o equilíbrio, fazer qualquer movimento sem perdê-lo.
O que vc busca (e toda a humanidade, uns mais conscientemente que outros) é exatamente isso: seu próprio eixo. E isso ás vezes significa abrir mão de algumas coisas. Exatamente como escreveu Paulo de Tarso "nem tudo que é lícito me convém". Você consegue!!
Grande beijo, menino grande!
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