Wednesday, February 07, 2007

Minha primeira vitória

Ah, o futebol. Não bastasse estar lendo "Febre de Bola" ("Fever Pitch"), de Nick Hornby, o mesmo de "Alta Fidelidade" e "Um Grande Garoto", me deu uma loucura sábado de assistir um jogo em estádio. Almoçava com o meu amigo Marcos quando tivemos a idéia meio que ao mesmo tempo. "Vamos ver o Juventus na rua Javari?". E lá fomos nós, sempre quis ir lá.

O jogo era contra a gloriosa Ponte Preta, time de um amigo meu de faculdade, que era meu companheiro de incompreensão naquela época. Ninguém nunca entendeu porque eu torço para o Flamengo, bem como ninguém entendia porque o Goya, japonês, nascido em Santos, torcia para a Ponte Preta, time de Campinas. O Goya é o único torcedor da Ponte que eu conheço. E é do Juventus a única camisa de time de futebol que eu tenho. O Flamengo que me perdoe.

O jogo é o maior match disputado na Javari. A Ponte é o time com maior torcida que a Federação Paulista de Futebol deixa jogar lá. O estádio lotou, menos o setor dedicado à torcida da Ponte, que tinha, juro, de 30 a 40 pessoas no máximo.

Acanhado, simplezinho, mas honesto, o estádio da rua Javari oferece visão total do campo de todos os ângulos. Localizado no coração do hoje classe média bairro da Mooca, atrai os moradores do bairro e curiosos para jogos, no mínimo, diferentes.

Depois da fila quilométrica para comprar o ingresso (R$ 10, estudante), provei o tal do canole. O doce é maravilhoso. Uma massa folhada, doce para caramba, com recheio amarelo de sonho. Supimpa. Começamos a assistir o jogo na arquibancada atrás do Gol onde o Juventus atacava, mas o sol estava alucinante, de rachar a testa e fundir a cuca. Nem os xingamentos da torcida Juventina ao goleiro Aranha, da Ponte, eram suficientes para aguentr o jogo ali.

Mudamos para a arquibancada atrás do gol da Ponte e lá tinha uma sombra e a uma torcida bacana da Juve que nunca xinga o time (o que é comum em jogo de times de torcida maior), só apóia.

O primeiro tempo foi medonho. Nenhum dos times tinha objetividade e tocavam para o lado o tempo inteiro. Numa jogada bacana, cheia de dribles, Leo Mineiro cruzou toda a grande área, sem chutar a gol, aquilo me irritava. E assim foi até os 20 minutos do primeiro tempo, quando Leo Mineiro, esse é o nome dele, recebeu uma bola cruzada na área, limpa o zagueiro e chuta no canto esquerdo superior de Aranha. O Juventus jogava bem melhor, especialmente o reserva da camisa 16, que entrou correndo muito, fazendo jogadas e dribles ótimos e deu uma sacudida no time. Fico devendo o nome do sujeito.

A Ponte depois teve um penalti a seu favor. Finazzi converteu a primeira cobrança, mas o juiz marcou invasão. O centroavante bateu novamente, dessa vez na trave, e rebateu a cobrança, o que soube que é proibido. E esse foi o resultado do jogo até o fim. Um a zero para a Juve e assim acabou o primeiro jogo de futebol que eu assisti que não terminou em empate.

Pela primeira vez me senti vencedor num estádio de esporte coletivo, é uma sensação única, de catarse, mesmo quando não é seu time de coração. E já decidi, ainda este ano, verei o Flamengo no estádio (em SP ou no Rio) e vou ser pé quente de novo.

Tudo bem que eu não vi o Flamengo, mas já agi como Flamenguista no estádio. Em 2000, quando o São Caetano montou aquele time surpreendente que foi vice da João Havelange, me encantei com o futebol daquele bando de renegados (César, Ademir, Claudecir, Silvio Luís e outros feras) e fui secar o Vasco na primeira partida da final, disputada no Parque Antarctica. A torcida foi ótima e o jogo, muito melhor que Juventus e Ponte, mas acabou em 1 a 1. E essa é minha experiência no futebol até hoje, espero ter outras.

3 comments:

Anonymous said...

Pô, nem pra chamar! Faz um tempão que eu quero ir na rua Javari!

MO said...

Fico devendo essa... É que foi totalmente de improviso. A gente decidiu uma hora antes de o jogo começar.

Unknown said...

fala, Zoyd
por pouco não reforcei a torcida da Ponte nesse dia... se não fosse um compromisso eu tava lá.... ver jogo da Ponte é sempre uma aventura... he he he
valeu pela lembrança....sei que é exótico torcer pra Ponte mas era o São Caetano da época... achava o nome diferente e resolvi adotar a Ponte Preta (essa a explicação mais simples, mas tem outras... he he he)
abraço