Tuesday, February 20, 2007

Felicidade: onde está?

“A felicidade não deve ser confundida com necessidade nem com prazer. O prazer nasce e acaba. Felicidade é um prazer que nem nasceu nem acabará. É o estado da verdade dentro de nós. É o que você é agora. Não está ligada ao desejo, nem ao tempo. É o prazer eterno. Não tem opostos. É o real em nós. É nossa essência.” Professor Hermógenes

Minha crise física, econômica e emocional atual têm me levado a pensar bastante. Mais do que nunca, mais do que em toda minha adolescência, mais do que na minha infância quase toda infeliz, nunca pensei tanto. Decidi, em meio ao choque causado pelo tédio, raiva e desilusão (leiam os posts: "Fui gongado e comprei uma bike" e outros anteriores), bem no meio das minhas férias, a iniciar o que eu chamo de “terapia de choque”.

Tenho buscado conforto na busca por saúde, andando de bike sempre que posso e observando o mais rigorosamente possível minha dieta. A solidão eu tenho procurado substituir socializando ao máximo, ligado para os amigos e amigas, procurando estar presente, tentando conhecer gente nova sem me forçar. A paz eu tenho buscado nos livros, revistas e filmes.

Uma leitura e um filme tocaram de forma diferente em um assunto difícil de lidar e sobre o qual é muito difícil encontrar as palavras certas: felicidade. Na última revista Trip, cujo tema é “O Corpo”_ um dos 12 pontos que a revista elenca como fundamentais para que encontremos a felicidade e sobre os quais a publicação tem se debruçado há um ano e meio, num respeito inexorável a suas próprias metas e ao leitor jamais vistos no mercado editorial brasileiro_ me deparei com um personagem impressionante, Hermógenes, potiguar, 85 anos, ex-militar, difusor da ioga no Brasil, autor da frase acima.

Com um simples clique, um simples toque, vou incluir mais um ponto na minha terapia alternativa: independentemente da minha busca pelos amigos, na minha fé no ser humano, na minha busca pelo encontro, pelo amor, não vou mais buscar a felicidade nos outros. Tenho que encontrá-la em mim.

Não posso mais depender que a presença de alguém se torne essencial para que eu possa sorrir. Não posso mais ficar angustiado à espera do telefonema prometido. Se eu estiver angustiado, eu vou ligar. Se eu tiver que ir do ponto A até o ponto B e estiver chovendo canivetes. Vou caminhar entre o ponto A e B. Acabou. O que tiver de ser feito, será feito. Vou atender somente aos meus dois principais patrões, muitas vezes incoerentes: meu coração e meu cérebro.

O filme que me tocou foi “Pergunte ao Pó”, baseado no livro homônimo de John Fante (vou ler, na tradução do Leminski, eu prometo!!). Num determinado momento, quando está todo fodido, Bandini, o herói, procura por Vera Rifkin, uma moça que sofreu uma queimadura grave e foi abandonada pelo marido. Em certo momento, eles tem uma discussão rápida e ela pergunta o que ele estava fazendo ali, de fato. E ele dispara: “Tudo que eu queria hoje é fazer alguém feliz”.

Inúmeras vezes em minha vida senti a mesma coisa. Muitas vezes quando a gente está um lixo, o sorriso do outro é suficiente para que fiquemos autenticamente felizes. Às vezes, basta só uma palavra. Outras vezes, são necessárias mais palavras, outras vezes mais ações. Uma coisa que me faria feliz seria ver minha filha agora, mas não é possível. Outro dia ela me pediu que eu começasse a guardar os troquinhos do pão e fosse juntando para que pudesse vê-la no Carnaval.

Infelizmente, não é esse o caso. Os 700 km entre e São Paulo e Maringá estão cada vez mais longos, maiores, espessados, envoltos em névoa. Não posso ir, é razoavelmente impossível. Mas eu vou no próximo feriado, terei cinco dias para ficar com ela. Na verdade, não poderia e não deveria ir também no próximo feriado, mas preciso ir. Tenho que ir, afinal ela já tem o ingresso do Ody Park. Quero ir pelo menos uma vez em cada semestre, além das férias de julho e dezembro. Gostaria muito que a mãe dela pudesse trazê-la de vez em quando, mas não vou morrer esperando por isso.

Hoje liguei para ela. Nossa conversa se resumiu a três frases. Ela disse que estava me esperando e que estava com o ingresso do parque aquático. Não deu nem tempo de perguntar como ela estava. Ela estava vendo um desenho inédito e não queria perder. Quem sou eu para interromper? Nesse caso, o telefone não vai resolver. Tenho que estar presente, mesmo que eu sofra bastante financeiramente. É a troca de um ou vários prazeres por outro muito maior. Mas é a felicidade? Talvez. Ainda não sei. Só sei que ela não estava feliz hoje e eu também não.

Sunday, February 11, 2007

Nada substitui o acaso e o telefone


Indo para Santos encontro na rodoviária do Jabaquara a querida amiga Fabiana. Após quinze anos de amizade, somos os mesmos e somos muito diferentes também. Os pontos de vista convergentes em alguns assuntos, divergentes em outros. Uma certa aversão ao calor e uma paixão pelo álcool (desculpe, Fabi, mas nisso você me supera) em comum. O que muda, é que hoje somos um pouquinho mais maduros. Balzacos? Trintões.

Outra coisa que não mudou é nosso amor pelo rrrrróque, é claro que com pitadas de outras cositas ao longo dos anos. No caminho, fico sabendo que tem PopScene, a festa da Flávia, no Retrô. Diversão garantida ou um pouco menos de dinheiro em sua conta bancária. Tonhão (hoje Toni) e o Psico (hoje Titio Marco Antonio) viriam, acompanhados de seus respectivos companheiros. Já éramos a essa altura, quatro, mais o nosso amigo em comum, o Ed Gardenal.

Até que me ilumino e ligo para o Goya, de sopetão, e ele topou aparecer. Éramos cinco. Toni chamou as Adrianas e elas apareceram. E, assim, sete ex-colegas de jornalismo da Facos (1992-1995) se encontram no centro velho de Santos. Muitos abraços e poses para fotos depois, dá tempo de saber as novidades uns dos outros e ver, que apesar dos pesares, estamos todos bem. Até as boas tiradas voltam. Vai dizer que aquela de que: "um dos maiores clichês de banda cover é uma gorda nos backing vocals" já não valeu a noite?

Juntos, cinco de nós fomos ao Retrô curtir o bailinho pré-momesco que a Flávia (nossa caloura na faculdade) armou, com direito a "Top Top", com os Mutantes, e "Minha Menina", com o Belle and Sebastian. Quando tocou "Quando", com o Rei, deu vontade de puxar o trenzinho... Muito punk-rock, indie rock, teen lesbians se pegando, e muita diversão. Foi lindo!

E foi assim, através da comunidade da nossa turma da faculdade, no Orkut, não conseguimos organizar nada, mas uma coincidência e alguns telefonemas depois, uma parte de nós estava lá.

Wednesday, February 07, 2007

Blog paralelo

Amigos, acabo de criar um novo blog. Chama-se "Resenhas que você não vê no jornal", o endereço é http://resenhassemjornal.blogspot.com/ e só fala de música. O "Crônicas..." vai continuar funcionando normalmente.

No novo blog só falarei de música. Mais especificamente, farei um trabalho doido de resenhar todos os CDs e DVDs de música que eu tenho. É uma loucura, eu sei, mas faz tempo que eu queria fazer.

Abro o blog com o clássico de Bob Dylan, "Highway 61 Revisited", de 1965. Aguardo comentários civilizados e (muitos) xingamentos.

Minha primeira vitória

Ah, o futebol. Não bastasse estar lendo "Febre de Bola" ("Fever Pitch"), de Nick Hornby, o mesmo de "Alta Fidelidade" e "Um Grande Garoto", me deu uma loucura sábado de assistir um jogo em estádio. Almoçava com o meu amigo Marcos quando tivemos a idéia meio que ao mesmo tempo. "Vamos ver o Juventus na rua Javari?". E lá fomos nós, sempre quis ir lá.

O jogo era contra a gloriosa Ponte Preta, time de um amigo meu de faculdade, que era meu companheiro de incompreensão naquela época. Ninguém nunca entendeu porque eu torço para o Flamengo, bem como ninguém entendia porque o Goya, japonês, nascido em Santos, torcia para a Ponte Preta, time de Campinas. O Goya é o único torcedor da Ponte que eu conheço. E é do Juventus a única camisa de time de futebol que eu tenho. O Flamengo que me perdoe.

O jogo é o maior match disputado na Javari. A Ponte é o time com maior torcida que a Federação Paulista de Futebol deixa jogar lá. O estádio lotou, menos o setor dedicado à torcida da Ponte, que tinha, juro, de 30 a 40 pessoas no máximo.

Acanhado, simplezinho, mas honesto, o estádio da rua Javari oferece visão total do campo de todos os ângulos. Localizado no coração do hoje classe média bairro da Mooca, atrai os moradores do bairro e curiosos para jogos, no mínimo, diferentes.

Depois da fila quilométrica para comprar o ingresso (R$ 10, estudante), provei o tal do canole. O doce é maravilhoso. Uma massa folhada, doce para caramba, com recheio amarelo de sonho. Supimpa. Começamos a assistir o jogo na arquibancada atrás do Gol onde o Juventus atacava, mas o sol estava alucinante, de rachar a testa e fundir a cuca. Nem os xingamentos da torcida Juventina ao goleiro Aranha, da Ponte, eram suficientes para aguentr o jogo ali.

Mudamos para a arquibancada atrás do gol da Ponte e lá tinha uma sombra e a uma torcida bacana da Juve que nunca xinga o time (o que é comum em jogo de times de torcida maior), só apóia.

O primeiro tempo foi medonho. Nenhum dos times tinha objetividade e tocavam para o lado o tempo inteiro. Numa jogada bacana, cheia de dribles, Leo Mineiro cruzou toda a grande área, sem chutar a gol, aquilo me irritava. E assim foi até os 20 minutos do primeiro tempo, quando Leo Mineiro, esse é o nome dele, recebeu uma bola cruzada na área, limpa o zagueiro e chuta no canto esquerdo superior de Aranha. O Juventus jogava bem melhor, especialmente o reserva da camisa 16, que entrou correndo muito, fazendo jogadas e dribles ótimos e deu uma sacudida no time. Fico devendo o nome do sujeito.

A Ponte depois teve um penalti a seu favor. Finazzi converteu a primeira cobrança, mas o juiz marcou invasão. O centroavante bateu novamente, dessa vez na trave, e rebateu a cobrança, o que soube que é proibido. E esse foi o resultado do jogo até o fim. Um a zero para a Juve e assim acabou o primeiro jogo de futebol que eu assisti que não terminou em empate.

Pela primeira vez me senti vencedor num estádio de esporte coletivo, é uma sensação única, de catarse, mesmo quando não é seu time de coração. E já decidi, ainda este ano, verei o Flamengo no estádio (em SP ou no Rio) e vou ser pé quente de novo.

Tudo bem que eu não vi o Flamengo, mas já agi como Flamenguista no estádio. Em 2000, quando o São Caetano montou aquele time surpreendente que foi vice da João Havelange, me encantei com o futebol daquele bando de renegados (César, Ademir, Claudecir, Silvio Luís e outros feras) e fui secar o Vasco na primeira partida da final, disputada no Parque Antarctica. A torcida foi ótima e o jogo, muito melhor que Juventus e Ponte, mas acabou em 1 a 1. E essa é minha experiência no futebol até hoje, espero ter outras.

Thursday, February 01, 2007

Não se preocupem mais

Queridas amigas,

Não se preocupem mais com a endoscopia. Mamãe, aquela que passou açúcar em mim, estará lá comigo na segunda-feira.

Obrigado!